sexta-feira, junho 05, 2009

quarta-feira, junho 03, 2009

Ás vezes, no quarto escuro, todas as fendas da parede se enchem de luz... Fico atónito... Como é possível entrar luz num quarto vedado a qualquer outro ser humano senão o eu suspenso e inquisidor que vomita sobre as próprias acções e pensamentos? Que fenómeno mágico este que ocorre a centímetros de distância do meu desespero, do meu bailar dolente na cadeira que baloiça, das paredes fendidas que me apartam de um céu carregado de pinceladas de neblina e vestígios de estrelas... Esta luz que me faz recuperar a razão...
O lobo adormece e com ele se inumam os demónios palradores que não param de gritar, de xingar, de escarnecer dos fracos de corpo e dos fracos de espírito... Mas a luz vem e deixa-me sentir a palma das suas mãos e o toque carinhoso dos seus dedos. Como gosto de sentir os toques de dedos compostos de fotões, de partículas ínfimas que de tão frágeis são fortes ao ponto de amordaçar os meus demónios... Fica um pouco mais e sê o meu cobertor por apenas uma noite, não mais... Sentir-te-ia como à estrela distante que me emite luz em espectros de luz invisíveis e que, da profundeza da sua amargura, me avisa que um dia voltará a sorrir, mas nesse dia eu repousarei junto a ela para emitir a luz que, com tanta bondade, não paraste de oferecer... E o que fica no lugar escuro cujas fendas eram cheias de luz? O que fica não sei...ninguém sabe. Mas sei que a luz permanecerá comigo até ao dia em que eu próprio não tiver mais luz para irradiar... Vou ser contigo e por ti a estrela que morre… Vou ser uma supernova…