sexta-feira, maio 02, 2008

Dia que parte, dia que chega. Quem sabe

Agitam-se as horas ao som do relógio e as estrelas do céu anunciam o dia que há-de chegar. É noite, o vento miúdo sopra nas folhas das árvores, os gatos indigentes desafiam a fome, procurando algures a próxima refeição, e o sono bandido bateu-me à porta... As luzes das casas alheias apagam-se ao ritmo dum requiem que ninguém compreende, e as estrelas brilhantes deslizaram sobre o céu despido. Um cigarro anuncia a despedida de mais um dia e fere fatalmente o que há-de sofrer. O fumo sobe, levando consigo lamentações do passado, e o sono já não encontra barreiras à sua vitória. Perco a força nas mãos, os dedos recusam-se a obedecer. Os olhos pesam, ó se pesam, e a realidade transfigura-se em sonho, um sonho amargo com contornos de pesadelo. A cabeça tomba. É o fim, acabou, estendeu-se um prólogo sem história a montante. Não dá para continuar. O som do relógio bloqueia-me a mente. Estou acorrentado... inebriado pelo equilíbrio dos segundos... Morreu-me este dia...