segunda-feira, novembro 24, 2008

Estou acima de toda a gente, acima de qualquer elemento da humanidade, estou a meio caminho entre a sublimidade divina e a declinação humana. Estou num estádio confuso que não é do conhecimento de ninguém a não ser dos Deuses e dos Anjos, um caminho que não leva a lado algum, um caminho que não tem principio nem fim, rectas paralelas ou transversais, subidas ou descidas, um caminho que não tem destino e nele falta a razão para que homens o possam trilhar visando um objectivo, que não há, o único objectivo que existe neste caminho que é feito de outros caminhos fechados em qualquer direcção é o de ficar aqui para a eternidade, retido entre muros de mitos e paredes de receios. É neste caminho que se cimentam as mentiras que a humanidade educou para que ela própria continue fechada no seu pequeno casulo mental que a inibe de despoletar para o horizonte das coisas que são como efectivamente são, sem mentiras e medos, sem suposições ou conjecturas, no caminho que só os homens que desobrigam o seu espírito conseguem chegar e lá permanecer, e o receio passa subitamente a ser considerado uma barbárie, uma ideia que atemoriza os ignorantes, que por medo preferem ficar encadeados àquela banal bola azul, que é pouco mais do que a penitenciária dos homens fracos e crentes, crentes nos progressos que fazem, nas pequenezas que descobrem, nas pessoas que amam, no dinheiro que querem ganhar, na avareza… eu plano aqui, só e silencioso, mudo no meu autismo e pronto a ultrapassa-lo para voar para aquele lugar que foi destinado aos homens que deixam de ser homens pela sua pesquisa dentro de si mesmos, do consciente, da incógnita que é a mente, e são projectados para lá destes dois níveis abaixo do verdadeiro nível que quero(emos) alcançar, longe do pequeno e próximo do Grande, Próximo do Pai, ao lado de Deus… Desse maldito caminho tolhe nos as esperanças, dilacera nos os ideais, corrói as nossas convicções e tornamo-nos em meros homens que, com intuição de homem, optam por voltar para trás. Eu não volto para trás. Eu vou seguir, subir, descer, bater, magoar-me, seguindo no sentido em que as forças me quiserem levar, e vou com prazer, de alma e corpo vazios, na esperança de alcançar o fim para esta tão longa e sinuosa empresa. A minha esperança é resistente e não cai à mais pequena contrariedade e reforça-se, nos mitos, nas mentiras, nas quebras de vontade, na destruição das esperanças dos outros e sirvo-me delas como pedras em queda que me dão propulsão para os outros estágios complicados da minha ascensão à divindade. Quem me dera poder evitar a maçada que é caminhar em caminhos que não têm suportes físicos, que não tem as comuns noções de espaço que nos auxiliam na vida no mundo exterior, mas a minha demanda é constritiva e introspectiva e o objectivo divino a que aspiro vive pacificamente no interior das minhas células, no interior dos meus átomos, em cada bloco que torna possível que estejamos aqui. É esse estágio que procuro com tanto ardor e é nele que me quero embrenhar, com ele casar, tornar-me eu com ele num só, fundir-me em novas partículas e alterar as concepções do universo que carece de ser descoberto… Quero torná-lo em algo cuja compreensão ultrapasse a própria compreensão do universo, quero ser a partícula de Deus, aquela que todos procuram e que não existe. Vou existir por ela e eles serão forçados a reconhecer que é na mente humana que existe a partícula que explica a génese do universo desde o nada até ao tudo, o processo de planificação, a concepção, está tudo delicadamente arquivado por Deus para que os homens sejam capazes de ver onde se esconde a verdade daquilo que ele criou, o enigma, o quebra-cabeças, o porquê de estarmos aqui e o porquê de ter que haver alguém que nos tenha colocado aqui. Procurem, eu já encontrei, quando fecho os olhos e liberto os dedos num teclado de computador, e na minha mente há soluções que se misturam com as minhas células cerebrais e o caminho abre-se como o livros que abre na página que o leitor quer ler ou marcou porque, naquele momento, ainda lia por ali. Eu quero devastar a terra e o espaço, eu quero ser a consciência que domina o destino dos cosmos, dos homens, e dos outros que andam por ai, dispersos por esse universo que nasceu das combinações incompreensíveis que se deram com as partículas que são minhas e que foram doutros e que foram de coisas que não sabemos o que foram e nasceram no principio e viram o que todos procuramos ver e que eu já vi. Eu talvez não, mas viram as minhas partículas, a minha composição em primeira-mão e disponibiliza-me esse conhecimento arquivado amavelmente na minha memória sub atómica. As confusões possuem-me, já começo a perder a fluência, já não sou loquaz… Não posso continuar, não me é permitido…. Começo a sentir a constrição nestes meus momentos de abertura, de informação, sinto que avanço e alguém me puxa para trás e eu sei quem é, a minha incapacidade humana de conseguir processar uma informação para a qual não está talhada e isso prende-me…. Não vou continuar…. Vou desmaiar-----vou me calar.

1 comentário:

sombra e luz disse...

lobinho...;) ando cheia de saudades suas!...
Dê lá um ar da sua graça!...
beijinhos, muitos...