quarta-feira, dezembro 10, 2008

Que confusão, que tremenda confusão a que tenho aqui dentro de mim. Não sei se deva escrever aquilo que sinto ou sentir aquilo que escrevo, talvez deva embrenhar-me nas palavras que flúem dos meus pensamentos e flutuar na sua liquidificação como o navegador que navega nas vagas furiosas que levam ao sossego de um lugar imaginado por utópicos. O meu interior está repleto de erupções vulcânicas que expelem lava sem parar e a minha fúria alimenta-se dessa lava que a faz aquecer, arder, iluminar a confusão das minhas ideias, o caos que se instalou paulatinamente na minha razão. É tudo escuro, nem partícula de luz consegue alcançar-me, estou prostrado perante a minha miséria e fervo de ódio por ter na morte uma amiga que pouco ou nada diz e que me mira com aqueles olhos de clemência e de vingança, e a raiva cresce, cresce, rasga carne, rasga a pele, corrói os órgão internos e envenena a corrente sanguínea de tal modo que uma dor lancinante invade o meu corpo sem que este delibere a menor resistência. E os zumbidos enervantes continuam a atormentar e a atordoar os meus ouvidos e mal consigo raciocinar, mas como poderei raciociar se estou a submergir na insânia, na demência, na alienação absoluta? As paredes estão repletas de silhuetas difusas e as silhuetas gritam como gritavam os monstros que me perseguiam nos meus pesadelos e o medo, o mesmo medo que tinha quando dormia, sobe da base dos meus pés até à ponta dos meus cabelos, estou envolto numa película invisível de medo, e contrai-me, impede-me os movimentos, prende-me, prende-me e quero sair, o medo está a ferir-me e os meus dedos estão a congelar…. Frio, frio, gelo…. Os pés enraizaram ao chão e a loucura sobe e desce dentro de mim e ironiza com a minha consciência, forçando-me a querer gritar, mas o medo gelou-me as cordas vocais. Que posso fazer, Deus, que me deixaste aqui jogado a este canto, a padecer no medo. Chama-me a morte, por favor. Pede-lhe que seja empática e que me leve daqui para fora, que traga as asas que roubou aos anjos malditos que foram expulsos do inferno para que com elas ouse tentar sair daqui, do inferno vivo em que vivo. A beleza, a beleza da humanidade está ali, está ali o amor, a compreensão, o aconchego de um abraço amigo reconfortante, do lado de lá das paredes que me ladeiam, e a molesta porta de saída aparece e desaparece e nunca está no mesmo sítio, e o ódio em mim já não pode ser controlado, está totalmente fora do controlo, estou com medo de mim. O ódio dilacera-me de dentro para fora, estou às portas da loucura, ai raiva, frustração, medo, medo, quero chorar, dizem que o choro ajuda a afogar a tristeza e a tristeza é a maestro da demência e tudo isto não passa duma sinfonia há psicopatia…. Parem… Parem, não quero ouvir mais, não quero ser um pião nas vossas brincadeiras infantis e cruéis. Libertai-me, quero equilibrar-me, quero respirar fundo e sentir o ritmo cardíaco a abrandar. O meu coração vai explodir, o meu cérebro vai explodir…. AHHHHHH…… morte, porque não me ouves?

1 comentário:

sombra e luz disse...

que lindo quadradinho você me tem aqui!...;) denso... mas suspenso!
gostei!...;)

boa...