terça-feira, dezembro 09, 2008

É tudo confuso quando a nossa mente não combina com a realidade que nos rodeia. O cinzento eleva-se à condição de cor dominante, as pessoas não possuem rosto, os movimentos apresentam-se estanques, a água não faz os ruídos encantadores a que estamos habituados, o céu não tem noite nem dia, as estrelas não brilham, o sol não é encoberto pelas nuvens e nunca chove. A tristeza é o sentimento reinante e constante no mundo em que as coisas são como os outros querem que elas sejam e onde nós próprios somos um reflexo opaco daquilo que poderíamos ter sido se, porventura, houvesse em nós outra certeza que não fosse o medo. E continuamos neste marasmo, de olhos concentrados nos desenhos geométricos dos passeios, perdidos no desequilíbrio ténue da relva dos jardins, submersos pelos altos e baixos do asfalto que segura os carros, e dá-mos por nós incapazes de levantar a cabeça e apreciar o fresco que ilumina o céu de todos nós e que tão carinhosamente foi elaborado pelos artistas incógnitos que imaginaram o universo. Queremos aprecia-lo e ter a coragem que falta no momento em que bastava elevar um pouco a cabeça para contemplar o que nunca vimos, mas, quando voltamos a ter consciência da nossa própria existência, constatamos que apenas continua a existir o cinzento que sempre existiu e que nunca mudou, e continua a ser aquela cor soturna que preenche os objectos da minha fantasia e não existe nada para além de mim a não ser a morte e um profundo lamento por em algum momento do tempo ter existido. …. Morri dentro de mim outra vez.

2 comentários:

sombra e luz disse...

A tristeza é bem triste, não é?... quase mortal...

Ai, lobinho... vivamente uma sonora e generosa gargalhada para nós, ambos os dois!...aqui lhe deixo um beijinho, pequenino e redondinho, só para si...;)

Henrik disse...

é como a alegria...é bem alegre...o que indica que é virose contagiosa...depura-te...