quinta-feira, junho 05, 2008

Mais um dia... mais uma noite

Vem na brisa da noite um silêncio ensanguentado. Escuto-o, interrogo-me: A quem pertence esta sentença de morte? É estranho, não me recordo de ter ouvido semelhante silêncio anteriormente, mas a sua incontestável falta de som é-me dolorosamente familiar. Há coisas estranhas que jamais terão explicações credíveis, mas isso nem sequer é o mais importante, porque as coisas estranhas existem agora como sempre existiram, e vão continuar a existir, são elementos inerentes à própria realidade complexa de que fazemos parte e seria necessário ter poderes extra universais que permitissem uma viagem fascinante ao cerne da omnisciência divina para encontrar a verdadeira razão do acontecimento das coisas, e isso sim é importante. Vou alimentar-me deste silêncio até à exaustão. Basta-me saber que a sua origem é de Deus, seja ele uma entidade metafísica, um conjunto de combinações físicas ou até um sopro majestoso que deambula pelo cosmos e edifica novas realidades, recorrendo meramente à direcção que tomou naquele momento. Apraz-me este sentido vazio, este caos em harmonia e a sua complexa continuidade, não conhecendo fim nem principio, partida e chegada. Preciso de coisas que não careçam de muita fundamentação, que estejam libertas da imaculada mão da ciência, coisas que só nós, aqueles que sentem, conhecemos mas não sabemos descrever. É dessas coisas que vive a minha alma e consequentemente o meu corpo, de nadas, nadas que não podem ser explicados, porque são fruto da safra divina.
Mas, agora, o que preciso mesmo é de dormir. Os músculos dos meus olhos não conseguem suportar o peso do cansaço diário e do enorme desgosto do ser em consciência constante e nefasta. Preciso banhar-nos nos lençóis que dão para a porta do reinos dos sonhos, tapar a cabeça com a almofada e evitar os baruhinhos incomodativos que existem na vida e que foram criados para me atazanar. Escutar a minha consciência, ouvir os seus prantos, os seus anseios, os seus medos, o seu quotidiano, preciso conhecê-la melhor do que a mim mesmo. Sei que ela é fraca e facilmente se deixa impressionar.,. Tenho que apoiá-la, porque senão nem a mim mesmo apoiarei e o caos tenderá a aumentar, até que o limite me obrigue a medidas mais drásticas que serão essenciais para não enlouquecer por completo. Perdão…. Entrei em parafuso. Vou apagar…

3 comentários:

sombra e luz disse...

querido... ando confusa, parasufa consigo...;)
como vai?... paulus... ex-actriz...;)

venho aqui, dar-lhe as boas noites... apagar as luzes, abafar os ruídos... pousar-lhe suavemente a mão na testa e cerrar-lhe docemente os olhos... para que livre da visão que leva à exaustão da razão, possa descansar na vasta planície da imensa desaparição de todas as coisas...
é que nós, os que sentimos, simplesmente sabemos...;)
conhecemos sem ver... e vemos sem conhecer... acreditamos...

Comunicar consigo próprio é o primeiro passo de um homem quando sonha... escutar a sua consciência é avisado... quando se parte para a terra dos sonhos... da morte e da vida eterna...;)

Bons sonhos... paulo...
durma bem, fico consigo, descanse agora...

Henrik disse...

De nada em nada construímos, pouco a pouco, um nico de algo...eu não consigo ser algo sem a presença do nada. Sei que entendes o que digo. Sem o profundo desespero de por vezes nada contactar não me saberia situar. Estranho sentimento é aquele que frequentemente me dá a sensação que me situo oposto ao que me nega, para melhor definir o que me afirma. Não é um mero gosto dos paradoxos, é antes uma necessidade profunda de assim ser como me foi permitido, por mim, deixar ser.

Henrik disse...

Um dos álbums da minha vida:)