quarta-feira, junho 04, 2008

Sono

Olho para trás e sinto a que velocidade alucinante passou o tempo. Escuto sons, vejo imagens, cheiro aromas e toco momentos, todos eles estão imbuídos num passado que se imortalizou na minha memória. É estranho, mas ainda ontem não havia preocupações, desejos, mentiras e temores. Não. Havia uma vida onírica que flutuava na realidade, coberta por verdades absolutas que não careciam de contestação, sonhos imortais que se amarravam com afinco a uma vida despreocupada. E hoje? O ficou dessa inocência feliz que se escondia em todos nós. Morreu? Extinguiu-se? Volatilizou-se em medos e tormentas? Estou a perder demasiado tempo a pensar em nada, o rebuscar explicações para encontrar uma solução para a insónia. Estou cansado de ficar aqui a contemplar-me a mim mesmo. Vou ver alguém, um rosto, um sorriso ou lágrimas. Não importa desde que estejas aqui, silenciosamente ao meu lado. Acredita-me, és mais importante do que meras palavras libertadas ao vento, e sempre serás, mesmo nos dias em que receio dizer-te ou não encontro a inspiração...

1 comentário:

Henrik disse...

Perturbações. Flutuações. A crença desmedida na horizontalidade da existência perturba-nos, retira-nos o fundo certo e depois a paisagem é colhida pela agrura do tempo. Existir é um estado de sítio duríssimo, atroz em suas nuances...e a consciência...a autoconsciência criminosa, revoltada e revoltosa...quantas vezes teremos que passar por esta nudez de alma, este despir de roupagem para proteger do frio? quantas vezes nos taparmos meu caro..quantas vezes nos taparmos...há necessidade de também nos destaparmos....